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Poesias-->Viver covarde -- 13/09/2004 - 21:27 (Rodolfo Araújo) |
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Acompanha-me tua sombra no silente cais
Em que a aurora esconde os males diurnos
Abrindo as portas para os reveses soturnos
Que pulverizam minha pele com ardentes ais
Passos que se dissolvem na areia impura
Ondas que destroem a paz serenamente intrincada
Nos meus olhos que te procuram junto ao ápice do nada
A vasculharem os fragmentos rubros da agrura
O pêndulo marca as horas
Rebatendo no vácuo o calor inclemente
Tremulando o horizonte, ondeando os montes
Arrastando minutos, tempos, rugas e rusgas
O sorriso ameaça
Mas passa
O toque vem
E cessa
O olhar bandeia
E fecha
O beijo aproxima
E morre
Vives nesta arte flagelante
Em que sempre um termina suplicante
Clamando pelas águas claras da paixão
Fremir, enunciado incompleto
Elipse, um convexo
Que não se faz acontecer
Ameaça
Toca
Sorri
Respira
Balbucia
Ladeia
Afasta
Foge
Vives de viver
A vida
Que poderia ser
Mas nunca é.
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