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| Poesias-->LABIRINTO E MAGIA DA TERRA -- 14/08/2004 - 19:34 (João Ferreira) |
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LABIRINTO E MAGIA DA TERRA
Jan Muá
Na velocidade das asas do Dornier
Admiro o baixo-Olimpo
O espetáculo dos canais ondulantes
E o labirinto telúrico líquido e seco da nobre terra.
Marco as linhas dos largos estuários
Do Geba, do Mansoa e do Cacheu
E também o desenho das picadas
Das tabancas da folhagem verde e do tarrafe
Da terra firme, genesíaca amassada por entre o matagal...
Desponta-me na fantasia uma moldura do Gênesis
Ouvindo Deus dizendo “No princípio era a água”
“Faça-se a água”
Vendo a água tudo inundando.
Fantasio o verbo divino proclamando
“Faça-se a bolanha”
E a terra explodindo em ouriques
A demarcando.
Pelos meus olhos perpassa o pacto da terra
E da água
O montante e o juzante
As leiras orizícolas penteadas
Os largos vôos das aves raras pelo espaço aberto
O palmar coposo vertical e esguio
As manadas de gado lento
As queimadas luminosas do Oio
Os muitos matagais fechados e sem voz
As canoas demandando as margens
Os pequenos cortiços das tabancas
O desenho das formas
E das imagens-arquivo
Da terra de minha cosmogonia recôndita
Da Guiné meu coração africano.
Jan Muá
1964
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