Me enterrem na curva do caminho
O pesadelo se tornou companhia
No côvado desterrado dos olhos
O coração cerrado de ilusões
Só bate - que funéreo artista
Seu chamado ao corpo madrigal
Tira às chamas a volatilidade
Num vaso vermelho estancado
Se desfaz, punho de criança
Nos plissados em câmera lenta
Na vizinha alma de alpendre
A cigana a morrer na noite
O sonho trapaceiro de inverno
Me enterrem na primeira brecha
Que abriram os tatus de vidro
Na minha pele, tormento de luar
Nos dentes, a primavera
Reluz àquele que aprende
Que sem arranhão, translúcido
Sou o primeiro vôo noturno
Mensageiro de Pirro, tiritante
Saltam veias ao sabor das ondas
Línguas de homens, anjos
Adornam os devaneios pétreos
No suspiro d orvalho, sublimado
Estou lá no fundo, ah, mar...
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