Olha os desgraçados, saltitando de felicidade.
Hipnotizados pelo entusiasmo da música que só o carnaval possui.
Embalados e encorajados os desgraçados pelo ideal de liberdade.
Que pulam de paralelepípedo em paralelepípedo,
Nas estreitas ladeiras de pedra- sabão.
Sob olhares espantados dos grandes casarões do ciclo do ouro.
Na confraternização de todas as raças e credos.
Carnaval de confete e serpentina,
De alegria e desespero,
Até mesmo desabafo.
Desabafo o qual os desgraçados inconscientemente expõem,
Na noite fria,
E ao mesmo tempo quente.
Há piratas,
Há baianas,
E até alferes de corda no pescoço em cima do palco.
Palco que exala cheiro de conspiração e ilusão.
Os desgraçados se olham,
Apalermados com toda aquela liberdade,
Que um dia foi sonhada pelos sonhadores nacionalistas.
Que acabaram ficando desgraçados pela traição.
Terra de fogo dourado,
Que aquecia as orgias na madrugada fria.
Damas vestidas de veludo azul,
Com rendas bordadas a fio de ouro e de muito sofrimento.
Festa que só acaba quando amanhece,
E os sinos da Quarta-feira de cinzas dobram.
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