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| Poesias-->recordações 20 -- 16/07/2004 - 00:38 (maria da graça ferraz) |
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RECORDAÇÕES 20
MDAGRAÇA FERRAZ
Ele pertencia à rua
Como a árvore. Como o poste
de iluminação pública
Como o raio de lua.
"A loucura, banida dos hospitais,
do coração, dos asilos,
na rua, a guarida, o porto"
Ninguém sabia quem
lhe dera o nome de Cafifa
como ninguém sabia quem
dera o nome de rua à rua
Cafifa era arredio. Sorria.
De noite, ele sumia
Onde dormiria, Cafifa?
Ele impressionáva-me...
Era gente grande que fazia
tudo aquilo que uma criança
gostaria de fazer
Andar na chuva.
Deitar na calçada.
Vestir do jeito que queria
Caminhar descalço
Um dia, fora encontrado morto
na garupa do cavalo
do Duque de Caxias
na estátua eqüestre
Morrera como um herói alegre
sobre um cavalo de ferro
no meio da praça
Cafifa...e seus moinhos
de vento...a solidão de seus delírios...
sua vida inglória...
Faltou-lhe talvez
Dulcinéia e Cervantes
"O amor e a Misericórdia"
E eu menina a dizer
grande gente grande...
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