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 | Poesias-->Porque escreves, Doutor?_Raymundo Silveira/Poeta e Doutor_M -- 09/07/2004 - 13:05 (MARIA PETRONILHO)  | 
	
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  Por Que Escreves, Doutor?
  Raymundo Silveira
 
 
  Por que escreves tanto, doutor,
  Se teu ofício é aliviar a dor
  Dos padecentes?
  Se é uma quimera a tua profissão,
  E mesmo assim cultivas tanto esta ilusão,
  Que às vezes te sentes tão superior
  Aos pacientes?
 
 
  Por que escreves tanto, ó charlatão
  Se a ti foi dada outra função
  Tão diferente?
  Se tua sina é enganar doentes
  Perpetrando furto aos mais carentes
  E a todos tapear
  Prometendo uma cura que não há?
 
 
  Por que escreves tanto, ó curandeiro?
  Seria por sadismo ou por dinheiro,
  Que tu escutas dos enfermos os ais,
  Consolando falsamente aflitos pais
  Com esta disfarçada hipocrisia,
  Com a tua insensível alma fria?
  O que tu queres mais?
 
 
  Escrevo para abafar o pranto.; 
  Escrevo para afugentar o espanto,
  Para fazer de conta que não vejo
  O espelho a refletir meu desespero.; 
  Para fugir da angústia que me traz
  O "corvo de Poe", o "Nunca Mais"
  A grasnar todo tempo em meus umbrais.
 
 
  Escrevo para iludir este tormento.; 
  Escrevo pra suportar o sofrimento
  Que é viver eternamente a escutar
  O gemido de todos nós representado
  Em cada paciente de quem estou ao lado
  (Sendo impotente a fim de evitar),
  Até chegar a hora do último suspirar.
 
 
  Escrevo apenas para me manter ativo,
  Para espantar o ócio, o vício, o falso alívio.; 
  Escrevo para escapar da condição humana,
  Pra sufocar no peito a dor tirana
  Que me angustia e me atormenta.
  Escrevo para encontrar um lenitivo.; 
  Escrevo, enfim, porque sem escrever não vivo!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  Poeta e Doutor
  Maria Petronilho
 
 
 
 
 
 
  (a Raymundo Silveira)
 
 
 
 
 
 
  Escolheste o caminho do amor
 
 
  Escolheste transcender
 
 
  A humilde condição de ser
 
 
  Compassivo ao ajudar
 
 
  Teu irmão a suportar
 
 
  A desdita de sofrer
 
 
  Escolheste não desviar
 
 
  Da morte o doído olhar
 
 
  E fazê-lo sem deixar
 
 
  Tua alma se embotar
 
 
 
 
 
 
  Vais mais além no sentir
 
 
  Vais mais além no saber
 
 
  ser
 
 
  Poeta e Doutor!
 
 
 
 
  Lisboa,8/7/2004
 
 
 
 
 
 
   
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