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| Poesias-->ninguém -- 03/07/2004 - 23:47 (maria da graça ferraz) |
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Ninguém
mdagraça ferraz
Ninguém viu
o quanto tu lutaste,
sofreste, choraste,
até extraíres de ti mesma
o teu perfume
Tua pele rasgada
às pedras é casca
sagrada . Bálsamo
curativo e aromático
Ninguém esteve contigo
quando tu desesperaste,
gritaste, apanhaste,
até retirares de ti mesma
o teu canto de alívio
Lábios inchados
cantam melhor
a música , alargam
a nota magra
como um passo
de criança que afunda
Ninguém sabe
o quanto tu procuraste,
brigaste, suportaste
até conseguires emergir de ti mesma
o teu sorriso precioso
arado frutífero
em meio aos nãos socorros
Não, ninguém te viu,
deu-te a mão,
ou o humano olhar,
ou o calor amigo,
ou um simples gesto de compreensão
Insuportável o que fizeram contigo!
Mais insuportável é o que
fizeram com eles mesmos
E agora, sofres da fartura
e da pobreza ao mesmo tempo
Repartes tua solidão-
a coisa tua
com cada um,
à cada rua,
de forma benévola e justa
Te dizem amargura
Te dizem ternura
E tu já não sabes qual
é uma, qual é a outra,
qual é a tua
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