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| Poesias-->incriado -- 03/07/2004 - 23:40 (maria da graça ferraz) |
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O incriado
mdagraça ferraz
Ei moço que vem de longe,
nesta cidade, tudo se esconde
Vês a liberdade
na roupa folgada
na palavra sem trato
nos carros à jato
nos gestos má-educados
Ei, moço que vem de longe,
nesta cidade, tudo se esconde
Vês a fé
nas imagens de santos
tingidas de ouro
nas cruzes adorno
de prata
nas lendas...nas fábulas
Vês a esperança
na camisa verde
na criança que corre
assustada
no beijo rápido dos namorados
Ei, moço que vem de longe,
ó estrangeiro, pisaste
o chão brasileiro
Aqui, seu moço,
há o exagero da mentira,
o triunfo dos malvados,
até o sol aqui é suspeito
Aqui, seu moço,
cavalos de Tróia passeiam
como carruagens
e a medida pitagórica
da beleza,
sofre a injúria carnavalesca
Ser ingênua...poeta, eu...
desertor deste mundo...
é ser tratado com desprezo,
odiado até
Tudo que aqui vês,moço,
é a representação
do que é liberdade
do que é fé
do que é esperança
Vês o teatro
A ilusão...O simulacro
Ei moço , tudo aqui é aparência
fugaz...Superfície. Doenças.
E o amor?
Respondo-te - o Amor, o incriado
O amor - mais uma palavra
Mas amor ninguém representa
porque ninguém o sente mais
nestas pobres cidades
Amor- Não sofreu a toalete
dos marqueteiros
Amor- Não foi vestido pela
publicidade
Amor foi mais feliz
do que a liberdade
do que a fé
do que a esperança
Porque mesmo inexistido
ainda é amor
Algo puro...idealizado!
O último bastião
O último refúgio
Ainda haverá amor
no animal humano
Observas estes edifícios
que sobem aos céus
Amor é o andar de cima
Inconstruído
que faz nascer um céu
inesperado e perto
e onde, um dia,
borboletas, de asas
grandes, embriagadas,
vão achar sua morada
e outro poeta
escreverá versos mais felizes
do que estes que tu lês
Ó moço que vem de longe
Acredita
A terra é mesmo redonda
Existirá um outro país
Há amor do outro lado
do horizonte
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