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Poesias-->ODE Á LOUCURA -- 02/06/2004 - 19:32 (Tereza da Praia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ODE À LOUCURA



Tereza da Praia





Debaixo das quedas d’água,



Soltei os cabelos.



Deixei-os cair ao longo dos ombros,



Feito cascatas ondulantes e negras,



Deixei meus olhos brilharem, apelos.



Vesti-me de escarlate.



Juntei todos os meus escombros.



Toquei meu tambor xamânico e cantei meus allegros.



Incorporei minha águia em posição de combate.



Dei asas a minha cobra.



Recebi minha deusa de ébano, chocolate.



Sacudi a poeira da tristeza. Sorri para minha obra.







Beijei a boca dele que era a sua.



Enrosquei-me no corpo dele.



Pele de seda sem cor, nua.



Mas eu via a sua pele de veludo e de amor.



O contraste de nossas peles era troca.



Embrulhei-me no corpo dele que era o corpo seu.



Minha garganta o seu nome escondeu,



Entre gemidos surdos minha alma emudeceu.



E naquele homem amei você até mais não poder.



E foi o prazer da deusa negra no cio, a correr.



O gamo e a gazela antecipando a primavera.



Toda a palavra que eu trazia e que lacera,



Deixei sair vibrante, sincera.



Era um estado singular e encantador,



Usar a paixão que tenho por você, essa quimera,



Num transbordamento de emoções, num clamor,



Que me deixa em brasa, que me ulcera.



E eu desfrutei o corpo dele, como o seu fosse.



A exaustão venceu-nos, ele adormeceu docemente.



Fiquei me olhando no espelho, bela e saciada.



Estranho este sentimento de fazer amor,



Com um homem na cama,



Enquanto faz-se sexo com quem se ama,



Na imaginação, no pensamento.







Tereza da praia



Série: vadiação da alma indecente.















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