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| Poesias-->nilcéia, a empregada -- 30/05/2004 - 21:19 (maria da graça ferraz) |
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Origem indígena
Paciência das velhas mãos
Todos os dias, com esmero,
com carinho, com atenção,
ela lavava, passava,
dobrava e guardava
os panos de prato
Eram tão brancos!
Tão tão engomados!
Babadinhos de filó
Sianinhas. Bordados.
Passamarias. Fitas.
Postos uns, sobre os outros,
cheiro de limão,
arte meticulosa,
matemática, sem vãos
poderiam ser a obra-prima
do mundo, caso o mundo
reconhecesse a maravilha:
" A pilha perfeita
dos panos de prato da índia"
Mas se o mundo não reconhecia
isto , problema era do mundo!
Nilcéia pensava
com obstinação fanática
E ela realizava solemente,
com virtuose, com nobreza,
sua tarefa solitária, inglória
Oh velha Nilcéia
Realizava-a como quem
estivesse criando uma célula,
um homem, uma galáxia
E quando a terminava,
batia uma mão na outra,
derrubando astros,
sóis, luas, e o pedaço
enrolado do fumo
Se os maiores feitos
do mundo requerem trovões,
clarins, zoeira
Os melhores atos
da humanidade,
realizam-se no anonimato
da simplicidade
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