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Poesias-->ainda pó -- 30/05/2004 - 21:17 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ainda pó



mdagraça ferraz







Porque eu fui obrigada



a despir a calcinha da lágrima



Deixá-la nua-pura



para examiná-la







Descobri que a lágrima



de amor é ruiva,



não dança, pisa, pernas curtas







Descobri que a lágrima



da dor é morena,



tem pernas longas, baleia







Mas descobri...



Que a grande lágrima ,



a lágrima da lágrima mesma,



nunca solta, é prêsa



ao peito do homem,



pedra de gêlo, sólida



É esta lágrima



que nunca rola



e se derreter



afoga , alaga







Somos estátuas



de farinha molhada



na água salgada



Tipo de pó socado



Lágrima - Pão



Descobri tudo isto,



adivinha, irmão?







Ao despir uma calcinha



que dos meus olhos



desavergonhados, caía







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