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| Poesias-->transparência -- 30/05/2004 - 21:01 (maria da graça ferraz) |
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Transparência
mdagraça ferraz
Foram tantas noites
em que passei ali,
naquela sala branca,
daquele hospital,
em meio as paredes brancas,
olhando pessoas deitadas,
imóveis, vestidas de branco,
cercadas por algodão, gase,
crepom e esparadrapo
E eu me sentia
numa paisagem
nórdica, fria, congelada,
andando em meio
a nevasca, apagando lamparinas,
eu, médica, piedosa,
abrandava a febre
Tudo ali tinha que ser
transparente...poroso...neve
para que a dor pudesse
coar leve...água clara,
potável...a dor mecida
em meus braços
Não me refiro à dor dos enfermos
Refiro-me à minha...
A dor da cor
No papel glacê alvíssimo
eu desenhava papagaios coloridos
Naquelas noites brancas,
janelas fechadas, irredutíveis,
eu desenhava
papagaios coloridos
Voariam dali, um dia?
Sim...Um dia, voariam, comigo,
levando a dor curada,
nos curvos bicos
de abridor de lata
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