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Poesias-->assim não seja -- 25/04/2004 - 21:59 (maria da graça ferraz) |
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Assim não seja
mdagraça ferraz
Na cidade:
Os tinidos. Os gracejos.
Os gritos. As fúrias.
Estranha a sinfonia das ruas,
tambor de pedras sujas,
muralhas de realejos escuras
Na cidade,
em que vago desapercebida,
alheia, sempre aberta, à espera
de chuva, de um cometa,
de um aviso do céu
Na cidade:
Personagens tristes
vadios espremidos
Sem rosto. Sem voz.
Sem vontade própria
O mendigo à porta da igreja
O louco ingênuo a brincar
de profeta
Os pequenos de desejos.
O bandido do asfalto
O bando de oprimidos,
desprezados, cidade de perigos
desalmada embrutecida
A cidade corruptora assassina
Infeliz. Implacável. Sem juiz.
Quem é o dono dela?
O prefeito, não é, ele diz
Cidade de praças vazias,
da cara de todo os Brasis,
de cheiro de axilas,
de narizes de palhaços,
de drogas, de violência, de fumaça
Cidade sólida pródiga
em sua solitária órbita
de lágrimas e de velórios
E eu
esta médica de grávidas,
a pular corpos semi-mortos,
no crepúsculo,
acentuo a terceira sílaba,
apresso o terceiro passo,
em nome do pai suposto,
da mãe ausente,
de todos os filhos das ruas
E que assim não seja,
éter no nariz
eternamente
infeliz cidade
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