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Poesias-->à bala -- 25/04/2004 - 21:54 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
À bala



mdagraça ferraz











Nesta madrugada



onde o silêncio era profundo



O toque insistente



do telefone soou



como um clarim distante



E como ninguém



atendia ao chamado,



o clarim insistia, urgência?



O que fora? Quem seria?







Na casa ao lado da minha,



o vizinho quebrou alguma



coisa feita de vidro



Ouvi o susto contido



abafado reverberado



pelo silêncio da madrugada



Na casa de frente,



uma luz acendeu-se



Verde...fraca...



como um pirilampo



vencido pela escuridão







E o telefone, ainda assim,



tocava, de algum lugar,



alguém clamava, gritava,



como o barulho de um avião



durante a tempestade







O ronco de um caminhão



encheu a rua



Um choro de criança



com medo do escuro



pedia a mãe



Um último toque



do telefone



E a madrugada retornara



à sua mudez completa



irreversível sem nome







No dia seguinte,



decerto, todos nós



nos entreolharíamos,



mas por apatia, falta de amor,



pudor ou preguiça,



ninguém comentaria



o chamado não atendido



E se fosse DEUS?



Íntimamente, a pergunta inquieta,



que jamais responderíamos



E Deus telefona?



Telefona, não . Deus chama.



O que é pior...







Afinal, seria dia...Dia frio!



Dia frio sobrevive



aos pedidos de socorro



Todos estaríamos preparados



ao toque indefeso do telefone :



Seria recebido à bala



em legítima defesa







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