Eu não quero mais o frio dos que morrem
de esperar, de solidão, de mal-me-quer, ai,
eu não quero, nunca mais, sentir, sentir do
coração batendo meu pulso pulando a vida
como desencontrasse os dias, o sol e a vela,
a chama das fogueiras e o alimento debaixo
dos paus e das bocas que crescem e comem
como fossem raizes, como fossem famintas
do calor, e da vida, da união, e do amor, e ai,
parecendo querer sempre mais sentir, sentir
da vida morrendo meu olho apagando a cor
como se desse em amor e morresse de pouco
em pouco nos dias, nascente, e poente e cera,
como acabassem os elementos e as figuras sob
a lama e o vento que fazem morrer e parecer
só querer esquecer o que é do amor que tenho.
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