O Poema sobre Si:
“de repente uma solidão,
de repente, uma saudade
de repente. Silêncio e só.
Só, de repente, um amor,
alguém que se vê no
trabalho das horas, do dia
em fúria de jardim e terra
– como umas pétalas irmãs –
mas morre no calor da lentidão.”
Alguém solitário
Um pouco de lua já é grande o tempo
até que venha bastante as luzes passando prisma.
Eu espero. Mas eu me canso da vaga das horas
com pessoas sob minha janela, carros marcando...
pistas de pedestres pontuando meus olhos
para que eu nunca me esqueça: estou aos longes,
só, num pouco de lua, colorindo uma folha
esperando histórias, canções, desenhos, e promessas, e vitórias...
Tudo, na perspectiva de quem espera cantar os pássaros,
parece decalque, separação, e saudade
que, aqui, de minha vista no alto dos ladrilhos,
em um quadro natural de cimento e ferro
com uns vidros de fechar o ar, eu sou relevo
sobre a festa, para lá da janela, para lá
debaixo das marcas que separam o mundo e eu.
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