Aquele que morreu de tanto amor, caiu de sentir só
não possui mais os olhos, que os deu à terra e ao papel
não canta mais a amada, que se cansou de não ter coral
e ficar em silêncio, voz e gesto.; agora silêncio não há mais.
Aquele que se foi dos olhos, porque se foram seus olhos longe
não restou gota, rachadura, ou espelho e fotografia antiga
nem a lembrança de sua raiva, de sua morte e quietude...
ao aceitar no peito ter quem no peito não o tinha aceito.
Juntou-se a natureza dos homens – que caem das árvores – e
a natureza de Deus – quando se o vê, já passou – ele dormiu
em nebulosa, buraco negro, mas ainda cai na terra sua solidão
como não lembrasse forma, se repartisse em céu e caísse cinza
não só de morte, não apenas de ares, mas de raio e trovão
sem que soubessem que era de carne a sombra de seu coração.
|