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Poesias-->Meu Tempo -- 20/10/2000 - 15:52 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sou homem de dois horários

todos os dois incertos e imprecisos

um dá prá cumprir

outro nem prá desrepeitar.



Mas,



Não sou dela pela contagem do tempo,

Pois o tempo sabe lá bem contar,

Mera formalidade das horas

Imposição do destino.



Não sou dela, pois deuses embriagados

erraram a contagem de tempo e em

vez de uma coisa fizeram outra:

em vez de cair ali , fui cair aqui.



Tudo,para eles, mera formalidade.



Fui nos registros do tempo

coisa difícil de se achar,

mas fui lá e encontrei

onde deveria estar e não estou

onde deveria ter nascido e

não nasci.



Tudo culpa dos deuses embriagados

que, fatigados de tanto nasce-nasce

e atiçados em orgias,

me jogaram no tempo errado

e na hora errada, enquanto

cantarolavam músicas no contrabaixo.



E quando lá falo de horas, falo

de séculos, pois o tempo é bem dividido

você vai para as Cruzadas, você, poeta, da

Antiguidade.



Não pude reclamar pois reclamos

de ansiedades e angústias eles lá não aceitam:

só coisas formais: morre um nasce outro.



Um é filho de alguém outro é filho de ninguém outro é pai suspeito.



Um é pai, outro é sermão.



Um tem pátria e luta por ela

outro tem terras e as areja com mãos calosas.



Eu não.; vim errado para um tempo incerto.



Agora deixa dizer o porquê:

porque agora sou homem de espada e

bom guerreiro.



Alguém acordou minha madrinha e disse:

vá lá e anseia este homem de tantos desejos

e dúvidas.Tórridos desejos e tenazes dúvidas!

O faça um homem incerto.

Mas o faça um semi-deus apaixonado

por espíritos iguais aos seus:

mesmas dúvidas, mesmos anseios.



Quem contem sempre a mesma hora.



Mas na data errada fui criado.

Nasci quando não haviam carros, só carruagens.;

nasci com o leiteiro batendo na porta de madeira,

cedinho.

Quando nasci nem bonde havia.

O avião estava sendo criado.

Mas a mulher já estava formada!



Nasci sem sono, mas duvidoso

E minha primeira pergunta qual foi, senão: onde

está ela?

E me disseram: ela está no outro século,

um dia adiante.



Então, cofiante na minha sobremaneira

desventura, passei a correr o novo mundo

e conhecer os homens e deles não gostei:

destruíram parte do homem e o tornaram

mero objeto de desejo.



Onirizaram a mulher a ponto de desnudá-la ao som

estridente de uma música qualquer.;

tiraram seu coração e sentimento

e de pedra-de-sabão a tornearam.



Rodei o mundo inteiro sem achar meu tempo

mal sabia se ele estava adiante.

Então, num gesto bem medido e respeitoso

segurei a adaga reluzente e ponderei em

meu peito árido e insóbrio.



Foi uma morte só.



Agora, sozinho, caminho para

lá, para a terra dela. Sei que ela me espera.

Por isso coloquei meu mais brilhoso vestal,

assentei meu cavalo de arrreios de ouro

e cavalgo para o seu tempo.



E se disserem que minha história é de

todo mentira, perguntem ao Zé da Idade

o que vende aguardente e torresmo frito.

Perguntem a ele, entre um gole e outro

se minha história não é lá pura verdade.



De verdade pois foi asssim

que me descobri e descobri o meio-amor:

Tudo de bom para você

pois sou sucesso nacional

toco todos os instrumentos de sopro

sem arroubas e choros,

bem quietinho para a boa fada

nem perceber que dos olhos do meu tempo

despencam lágrimas de saudade do que não fui.



Entre um gole e outro,

essa é a minha história

e para desvendá-la

teriam agora de me roubar

meus trapos, meus sonhos

meu elo com a eternidade

pois agora está virando um novo dia.





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