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Poesias-->DESCANSE EM PAZ -- 29/01/2004 - 15:48 (débora cristina denadai) |
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Ontem, mais uma vez, cortei meus pulsos.
Segurei bem forte os punhos cerrados
para que o sangue fluísse com todo o impulso,
e eu pudesse ver todo o líquido jorrado,
na certeza de um trabalho bem feito.
Ontem fui ao meu funeral.
Uma, duas, diversas vezes .
Não nego que ver-me morta me fez algum mal.
Não levei flores, nem acendi velas.
Olhei atentamente meu rosto sem cor, sem graça, sem sal.
Tinha os olhos inchados, as mãos amarelas.
Estranho dizer, mas acho que combinavam com a morta.
Hoje irei enterrá-la.
Ainda não decidi se vai de preto ou sem nada.
Mas não vou simplesmente deixá-la atrás da porta.
Vou enterrá-la com todo o ritual necessário.
Já foi suficiente pra ela viver tanto tempo
em estado precário.
Descanse em paz.
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