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Poesias-->Instantânea -- 23/11/2003 - 13:37 (Carlinhos Pink) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
quero morrer, não uma morte definitiva, impessoal, não

uma morte infinitesimal ao abismo de minha dor lancinante

petrificante e pútrea, uma morte insigne, sim, total, absoluta

uma morte que seja ínfima mas grandiosa e eloqüente

como um toque de machado pelo fio de minhas impregnações fúteis

como uma torrente de meu sangue derramado sobre dolos, culpas, crimes

sobre os acossados e destemperados inimigos dentro de mim

o meu cajado se quebrou e se agigantou um fardo por todos os sempres

a minha vitória cambaleante se encarrega de ser minha algoz e alcoviteira

sou meu primata primevo pustulento e febril se desdobrando em evoluções

estou aprisionado em minhas visões apocalípticas de um aprazível pesadelo

a morte tem as ferramentas certas para me dar calor e esperanças

a morte vem cavalgando a dor em caminhos de pedras atormentadas

trituradas pelos vermes, consumidas e regurgitadas pelos vermes

eu estou entre os vermes de minhas alucinações mais magníficas

eu sou o verme sanguessuga de mim apodrecendo o meu viver em espirais

me trago a última gota em tons de verde e pedras preciosas

me alimento de meu sangue contaminado de meu morrer

que eu quero somente agora nesta poesia rasgada

como minha pele em camadas e escamadas

para suavemente deitar o sono inconcebível

de já estar morto e depois

ser feliz
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