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 | Poesias-->22. JUVÊNCIO METRIFICA -- 19/11/2003 - 08:31 (wladimir olivier) |  |  |  |  |  |
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 Querido amigo escrevente,
 
 Lembre-se de que esta gente
 
 Só pretende vir treiná-lo.;
 
 Perante alguém experiente,
 
 Vai restar-nos tão-somente
 
 Dizer: — “Agora me calo...”
 
 
 
 Entrementes, o destino,
 
 Em sopros de desatino,
 
 Enseja-nos uns momentos.;
 
 Talvez cantemos um hino,
 
 Talvez tanjamos o sino,
 
 Esquecendo os sofrimentos.
 
 
 
 — “É tarde!” — diz uma voz.
 
 — “É cedo! Espere por nós” —
 
 Responde um eco pungente.;
 
 Eis uma dúvida atroz
 
 Que, trágica, recompôs
 
 O medo de ser carente.
 
 
 
 Não queremos prosseguir,
 
 Se não temos onde ir,
 
 Nestas trovas tão pequenas.;
 
 Perdoe-nos, Wladimir,
 
 Pare o texto.;  vá dormir:
 
 Amenize as suas penas.
 
 
 
 — “Se não tenho cabimento”
 
 (Diz o meu verso em lamento)
 
 “Por que estou sendo criado?”
 
 Perdoe-nos o mocinho,
 
 Fique só mais um pouquinho:
 
 Não nos seja malcriado...
 
 
 
 Variando a nossa rima,
 
 Como fizemos acima,
 
 Melhora nosso projeto:
 
 A coisa fica mais fácil,
 
 A poesia tem ar grácil,
 
 A vaidade alcança o teto.
 
 
 
 Que coisa mais esquisita!
 
 Este esquema nos irrita:
 
 Parece um tanto precário...
 
 Entretanto, bons artistas,
 
 Com cores e algumas listas,
 
 Se ergueriam do sudário.
 
 
 
 Não falo tão-só por mim,
 
 Neste conceito chinfrim
 
 Que nos dá prumo a este tema.;
 
 O conjunto deste grupo
 
 Receia tremendo apupo,
 
 Ao terminar o poema.
 
 
 
 Ao olhar o horizonte,
 
 Por sobre os tetos das casas,
 
 Quer o irmão que se lhe aponte
 
 A razão de não ter asas.
 
 
 
 Desejaria voar,
 
 Em tremenda liberdade,
 
 Entretanto, ao vir rimar,
 
 Ficou preso, na verdade.
 
 
 
 Se tivesse ele o poder
 
 De compor um livre verso,
 
 Por certo, iria querer
 
 Açambarcar o Universo.
 
 
 
 Entretanto, a nossa rima,
 
 Que chamamos de “chinfrim”,
 
 Como se viu mais acima,
 
 Determina o nosso fim.
 
 
 
 Quando estes temas nos chegam,
 
 Por força do mais além,
 
 São besteiras que nos cegam
 
 P’ro amor e p’ra dor também.
 
 
 
 Ficamos só no improviso
 
 Dum treino xucro e banal,
 
 Que não merece um só riso,
 
 Embora não faça mal.
 
 
 
 Este é sentimento neutro
 
 Que não exige emoção.;
 
 É um cano feito de feltro,
 
 É arma que não tem cão.
 
 
 
 Sabemos ser bem difícil
 
 Definir esta “poesia”.;
 
 Mais parece um edifício
 
 Que se ergue a cada dia.
 
 
 
 Compreendemos o escrevente,
 
 Com suas preocupações.;
 
 Não se importe com a gente,
 
 Mas não tenha hesitações.
 
 
 
 O galo também cozinha,
 
 Mesmo estando a água fria.;
 
 Só que uma tal ladainha
 
 ‘Tá longe de ser poesia.
 
 
 
 Quando a mente fica aberta
 
 À nossa influenciação,
 
 Quase sempre a mão acerta
 
 O bater do coração.
 
 
 
 Algumas poucas quadrinhas
 
 Merecem ser publicadas,
 
 Mas quase todas as linhas
 
 Se encontram bem inspiradas.
 
 
 
 Vitupério é elogio
 
 Que se diz de boca própria.;
 
 Estamos só por um fio:
 
 Qualquer rima é muito imprópria.
 
 
 
 Ao longe, cai a “tempesta”,
 
 Brilha bem próximo o Sol,
 
 Nossa alma está em festa:
 
 Não tememos o arrebol.
 
 
 
 O bom amigo escrevente
 
 Está a “mangar” com a gente
 
 Pelo “medo” da “tempesta”.;
 
 Não sabe que, no “invisível”,
 
 Pode até dizer: —“ Incrível!
 
 É a coragem uma festa?...”
 
 
 
 São muitos os que têm medos
 
 De simples assombração.;
 
 Podemos contar nos dedos
 
 Os isentos de emoção.
 
 
 
 Estes mesmos, entretanto,
 
 Bem no fundo da consciência,
 
 Devem sofrer o seu tanto,
 
 Por terem tanta ciência.
 
 
 
 Estes temas vão ficando
 
 Filosóficos demais.;
 
 Vou, então, amenizando,
 
 P’ra não ouvir muitos “ais”...
 
 
 
 Recebo com efusão
 
 Cumprimentos deste médium,
 
 Mas não faço confusão:
 
 Ajo por seu intermédio.
 
 
 
 Não pretendo devolver
 
 Elogio por elogio:
 
 Basta-me o seu bem-querer,
 
 Em forma de desafio.
 
 
 
 O tempo se transformou,
 
 Agora as nuvens imperam,
 
 Mas um conselho eu lhe dou:
 
 Os fortes não desesperam.
 
 
 
 Ri o escrevente, a bom rir,
 
 Desta facécia da gente,
 
 Mas, meu caro Wladimir,
 
 Há algo mais excelente?...
 
 
 
 Quando aperta o seu cansaço,
 
 Demonstra logo o desejo
 
 Que desfaçamos o laço,
 
 Ao guardar o realejo.
 
 
 
 Só assim, acreditamos
 
 Ser possível terminar,
 
 Porque lhe pendem dos ramos
 
 Estrofes que enchem o ar.
 
 
 
 Mas, como estamos atentos,
 
 Sabendo bem a tabuada,
 
 Pedimos só uns momentos
 
 P’ra dar a tarde encerrada.
 
 
 
 É de praxe a despedida,
 
 Cada tarde duma forma.;
 
 Ficamos feliz da vida,
 
 Por não fugir dessa norma.
 
 
 
 Muito obrigado, querido,
 
 Por sua dedicação.;
 
 Se estiver bem comovido,
 
 Aperte aqui esta mão.
 
 
 
 Diga adeus ao Pai celeste,
 
 Faça uma prece por nós:
 
 Queremos que nos empreste
 
 Os sons dessa sua voz.
 
 
 
 Aguardemos, em silêncio,
 
 A prece da despedida:
 
 Aqui me chamam Juvêncio,
 
 Um amigo em sua vida.
 
 
 
 
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