Nu.
Num campo de batalha,
Desnudado das convenções,
Sem direito a conversações,
Apenas tentando sobreviver.
Nu, é assim que me vejo,
Despido de medos e coragens,
Nada encobre minha vergonha
De ser derrotado.
Nada encobre meu orgulho
De vencer ou fenecer.
Nu, não como vim ao mundo,
Mas da maneira que o deixarei.
De nada valem as promessas,
De nada servem as esperanças,
Quando nos desnudamos
Ante a selvajaria que embota
As mentes mais pacíficas
Quando somente a morte pode
Trazer a salvação e a glória.
Nu, coberto de sangue inimigo.
Nu, com chagas abertas a ferro.
Nu, com a dor de ser
Gritando para todo o universo
Que sua vestimenta polida
Está rasgada, em frangalhos,
Aos pés do vencedor, cobrindo
Os cadáveres dos vencidos.
Agora estão todos nus.
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Marco Antonio Cardoso |