Havia uma criança, como tantas outras.
Alegre, abstrata, curiosa, criança.
O mundo, a vida, as pessoas, a natureza,
Eram explorados, descobertos, lhe pertenciam...
Alguns tropeços, algumas quedas, alguns arranhões.
Mas tudo era belo, motivo de risos,
Alegre, agitado, sereno, abstrato, criança
Havia um menino, crescendo, (como tantos outros?)
Descobertas, de si mesmo, dos outros, de tudo.
O mundo já não lhe pertencia.
Conquistá-lo, disputá-lo, era um desafio
Brigas, disputas, ganhos e perdas,
Pequenas para um menino.
Nem tudo era belo, tristezas também havia
As primeiras interrogações, dúvidas, de um menino
Havia um adolescente, um adulto em formação.
Questionamentos, revoltas, desilusões,
Primeiras namoradas, muitos sonhos, alguns amigos.
Tropeços, quedas, algumas feridas, ainda curáveis.
Como? Por que? Para onde? Quando?
Planos, algumas experiências, o futuro sonhado,
A conquista do mundo, o domínio da vida.
Havia um homem, caráter definido,
Valores formados, conquistas passadas, visões futuras.
Tropeços, quedas, feridas profundas, amigos, inimigos.
Família, filhos, netos, alegrias, realizações,
Decepções, frustrações, desilusões.
Por que? Até quando? Para onde? Quem? O que?
Havia um homem maduro, marcado pela vida.
Sucessos, fracassos, esperanças ainda.
Passado, presente, futuro. Continuar?
Novos caminhos, novas buscas, recomeçar?
Valeu a pena? Está valendo? Valerá?
Há uma criança que retorna ao homem
Maduro, novas energias, novo alento,
Abstrato, livre. Buscas, renovações.
O mundo, a vida, não mais lhe lhe pertence
Mas pode ser vivida, explorada, sonhada.
Tropeços? Quedas? Arranhões? Cicatrizes?
Mas tudo pode ainda ser belo,
Motivo de risos, alegre, sereno, criança. |