Esse teu ar não sei de quê,
que carregas em teu semblante,
Um ar de mistério, talvez.
Um enigma a ser desvendado.
Que história preenche teu passado?
De lutas, de louros, de glória?
Não me contento que o digas.
Quero que seja manifestado
Por si, como num desabrochar
Repentino, surgindo do nada,
Mas revelando toda a essência
Contida nesse misterioso ar.
Nenhum passo será dado
Sem que as marcas deixadas
Sejam referência para o depois.
Sem que o mistério revelado
Deixe claro que seguiremos
Iluminados pela certeza a dois.
Que o horizonte, cada vez
Mais perto, seja tragado
Na busca constante de alcançar
O fim supremo desejado
Eliminando qualquer talvez
Que ainda possa restar
Mas a espera é inércia
Que eterna não pode ser.
É preciso transmutar
Esse segredo em revelação.
Mas se nada disso acontecer,
Só me resta por último apelar
Pelo menos me conceda um sorriso
Aberto, franco, generoso, despojado
Para essa minha angústia amainar
Do acesso ao teu âmago merecer,
De mergulhar na pronfundeza do teu ser
Ou do teu não-ser. Quem saberá? |