Sâmia
(para Sâmia de Rezende Pinto)
Qual pétala de lírios matutina
Uma silhueta frágil de menina,
Enlaça-me ao fugaz elo da memória...
Sou poeta sem fama e sem glória,
Com indômitas letras em vãs lutas,
Faço apenas poemas frugais, breves...
Mas, persistente, pena, tu te atreves,
No alvor do papel e resoluta,
De a alva filha a herança celebrar:
Firmas que sua beleza una é fruto
Dos pais sangues cigano e judeu!
Mas se, filha, no pélago do mar,
De todos, teus mistérios tanto ocultas,
Dissimular não podes o brio meu!...
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