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Poesias-->Avenida Luiz Gonzaga, o pernambucano do século XX -- 25/06/2003 - 12:43 (Lucas Tenório) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
232 - O Desafio



Dois prá lá, três prá acolá.

(Exú, Santana, Itamaracá.)



A Pega:



Na rinha dois Galos do Sertão.

Um Pedrez outro Listrado,

Mas todos dois imbriagado

Com as cores do Azulão.



À moda do Feitor da Chapada do Araripe, das Aves Canoras.



A Licença: Baco, Dionísio, Apolo, Homero e Virgílio

(Antônio, Januário e Vitalino.)



A Boa Nova: Patativa, Assum Preto, a três palmos de Céu,

"in natura", num Temporal Vocabular.



A munição: uma Baleeira de Algodão.



A Platéia: A Academia, Sombrinha, Pedreira e Cal.

Lá o que se vê e se espera é a Hora em que o Amanhã

reverbera os laivos desse Festival.



O Metro:



Oito Baxo, de Pernêra e de Gibão.



A Sentença:



Diz o Rei da Cantoria:

(Patativa do Assaré)



"Uma singela bandêra

Bem no terrêro se via,

Homenage verdadêra

Do santo mês de Maria,

Na sala, inriba da mesa,

Umas quatro vela acesa

E de juêio no chão,

Uma muié paciente

Lendo vagarosamente

Com a cartia na mão."



O Mote:



Diz o Rei da Cantoria:



Meu caro amigo poeta,

Qui faz poesia branca,

Não me chame de pateta

Por esta opinião franca.

Nasci entre a natureza,

Sempre adorando as beleza

Das obra do Criadô,

Uvindo o vento na serva

E vendo no campo a reva

Pintadinha de fulô.



Sou fio das mata, cantô de mão grossa,

Trabáio na roça, de inverno e de estio,

A minha chupana é tapada de barro,

Só fumo cigarro de páia de mío.



Eu canto o mendigo de sujo farrapo,

Coberto de trapo e mochila na mão,

Que chora pedindo o socorro dos home,

E tomba de fome, sem casa e sem pão.



Prá gente cantá o sertão,

Precisa nele morá,

Tê armoço de feijão

E a janta de mucunzá,

Vive pobre, sem dinhêro,

Trabaiando o dia intêro,

Socado dentro do mato,

De apragata currelepe,

Pisando inriba do estrepe,

Brocando a unha-de-gato.



Só canta o sertão dereito,

Com tudo quanto ele tem,

Quem sempre correu estreito,

Sem proteção de ninguém,

Coberto de precisão

Suportando a privação

Com paciença de Jó,

Puxando o cabo da inxada,

Na quebrada e na chapada,

Moiadinho de suó.



Canto as fulô e os abróio

Com todas coisa daqui:

Pra toda parte que eu óio

Vejo um verso se bulí.

Se as vêz andando no vale

Atrás de curá meus male

Quero repará pra serra,

Assim que eu óio pra cima,

Vejo um diluve de rima

Caindo inriba da terra.



Sertão, arguém te cantô,

Eu sempre tenho cantado

E ainda cantando tô,

Pruquê, meu torrão amado,

Munto te prezo, te quero

E vejo que os teus mistero

Ninguém sabe decifrá.

A tua beleza é tanta,

Qui o poeta canta, canta,

E inda fica o que cantá.





O Rei do Baião,

(Luiz Gonzaga)

Com o Assaré engasgado,

O Peito a Couro Cru,

Encangado com um Bacamartêro,

Ensaia um Festim, um Luzêro,

Na Feira de Caruaru.



A Rendição:



Seu Luiz, tá a maió algaravia,

A grita, na Capitá.

De Agreste só mermo o nome.

Tá doce que nem bombone.

Muié das mais bunita,

Daquelas que só dá poesia.

E dos home... Ah..., dos home...

Só se vê Cabra da Peste!



Guto Imberbe, essa istripulia

foi de precisão.



Faço menção:



Mande.



Gil e Caetano ganharo um beju

Calibre Setenta e Dois?

Humberto e Zé Dantas, uma pexêra, foice

E a cartuchêra, é doze polegadas?

César uma Muié Macho

Deixe o Abraço, outra Rendêra

Tomaz, o seu xará, pergunta pelo gado

Tá todo marcado, com fivela de fita

Zé Ramalho um novilho em folha

Chico, no vêio, achô Rita, e Carolina

Essas menina, esses mandacarú...

Vou Elencar: Iracema, Rosinha,

Gabriela, Calú, Xanduzinha e Capitú.

E Noel deixou Filosofia

O ABC do Sertão?

Do Pau Brasil tirâro semente de Agrião

E o Machado, facão de mão

Tem Madeira de Lei

Imburana, Paudalho, Gonçalo Alves

Mande Ela ao Mar para Xangai

Viajar

De Moacir uma foto dum bebê num parque

E se parece cumigo?

Do umbigo de Cartola um botão de rosa

Mande alforge de couro curtido

Lia uma Guirlanda de Flores

Que ela cante Escravos de Jó

Algodão no capuxo intacto e

Tem cactu da Amazônia

Deve ser de Vital Farias, o Uirapurú

Tem poesia de Drummond

E do Mundo uma bicicreta

Pra quê, si num passa na Estrada de Canindé

Ataulfo Manda laranja, qué?

As da bôa, e Bixada?

(Viram Aderaldo dando um nó num pingo d água)

Que coisa boa, com cordão de Fumo de Rolo?

Adoniram manda um tijolo

Da Sala de Reboco?

Tem uns Morais de Copacabana

Tome chapéu e cigarro de paia,

Cana, rapadura, jiló

E aguardente do grotão

Uma Baiana com tempero de mão

Vatapá, angú, pamonha, juá,

Mel de engenho

e Maria Bonita

Lee comprou uma calça pro irmão

Diga a ela que tem refrão de

Eme Pê Bê.

Um deputado, enganado, te mandou

Um Canhoto

O da Paraíba?

Mais inriba, Adriana te manda Esquadros

Pra medir o Pajeú?

Catulo, tá apaixonado

E Dilermando manda a Alma Nordestina

Eu devolvo Sons de Carrilhões

Um tal de Carlinhos acendeu o candiêro

Dançando Baião, Xote, Côco e Tango?

Viram duas Pele de Tatu Cola

Num poema de Décio

E eu que já vi dois guri jogando bola

Sivuca joga sinuca mais Laércio,

Cum taco da merma Escola

Tem gente querendo rever seus xodó

Leia Luar do Sertão, com Lupa

E Nubia Lafaiete em dó maior

Tem gente que a gente num esquece

Mande Cupuaçu de Igarassu, e do Agreste

Em cima do lombo dum jumento

Frutas cítricas as do momento

Farinha, feijão, charque, xerém,

Laranja, acerola, Orestes e Cartola

Acharam um medalhão num Pé de Serra.

Isso mermo, aqui também tem viola.

Lampião, Padim Ciço, Conselheiro,

Damião e Juazeiro rezando junto.

É, Guto, dou a mão a palmatória.



É, seu Lua, essa história vai render.

E merminho agora que o moinho

Voltou a moer.



Adeus mandou uma Asa Branca.

Amém.



O Desfecho, do Rei da Cantoria:



Tu é belo e é importante,

Tudo teu é naturá

Ingualmente o diamante,

Ante de arguém Lapidá.

Deste jeito é que te quero,

Munto te estimo e venero,

Vivendo assim afastado

Da vaidade, do orguio,

Guerra, questão e baruio

Do mundo civilizado.



Sertão amigo, eu tô vendo

Que os teu novo camponês,

Hoje ainda tão fazendo

Aquilo que os véio fez.

Que doce felicidade

Eu gozei na mocidade,

Nesta santa ingorfação!

Quando se acabava Maio,

Já começava os insaio

Do santo mês de S. João.



Como o ricaço usuraro

Guarda uma moeda de ôro

Fiz do meu peito sacraro

E guardei estes tesôro.

E aqui, dentro do meu peito,

Inda tá tudo perfeito,

Não mudaro de feição

As duas fotografia,

Do santo mês de Maria

E das Festa de S. João.



FIM



E dizem que além do sol,

O Bem-te-vi, o Rouxinol,

O Colibri, o Sanhaçu,

(e muitos outros de bixu voador)

Voaram para além do sul

E pegaro uma dupla avenida...

Agora essa estória, querida

(o poeta faz nota da Musa)

E sei que tu é atrevida,

De 12 a 30 se conta

Feito colar de conta

Na Feira de Caruaru.



___________________________________________



Bibliografia:



Cante Lá que eu Canto Cá -

Filosofia de um Trovador Nordestino -

Patativa do Assaré.

















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