Finda o dia
Depois de tudo
- no meu pequeno mundo -
vem este vazio, demasiadamente frio,
que me aperta a jugular (sim, ainda posso tocá-la). E nele não cabe qualquer pessoa, somente ecos.
Vejo e revejo. Tomo e retorno. Nada sinto, e o vazio sou eu,
entupido de bichos estranhos (ignoro-os), de saltos olímpicos
- nos quais a mente não tem ponto fixo -
de olhares pesados cobertos pelos meus cílios sujos.
Depois do dia que entorpece, não há nada a fazer, e não
arrisco contar as estrelas no quintal: melhor andar nas curvas da noite cuidando para não cair.
31/05/03
Eduardo Borges
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