Bafos de bílis(*)
Evoé! Evola-se a escumalha
ao tom de chopes em escumas!...
Ao glúteo jeans da garçonete
a hoste freme e se esbugalha...
Oh buzanfãs de porcelana!...
Eis que bufando qual ginete,
hepatorréico, um dos siameses,
no seu supino gabinete,
no décimo de cada mês,
maltrata o mísero credor:
como se coisa mal de olor
fosse a duplicata aferida!
Esnoba o régio papiro
(tredo!) em código escrito.
E desembuça o vil sugiro,
alta voz, berro e a grito:
sirva-se dele na latrina,
pois mais que bosta com urina
este papel não tem valor!
Ei-lo a encenar justo ao pequeno,
gentalha inútil que atrapalha!
Mas a raposa, boa de faro,
alhos não troca por bugalhos:
se o apessoado co’o papiro,
gordo credor, discreto encara...
Sucos... Café serve à propina!...
De outra parte, e enquanto isso,
na escuridão de seu berô,
cose, soturno, os compromissos
o velho bufo, que horror
tem demonstrado de a público
dar a seus atos qualquer causa!
De mansa fala (ao chefe, o gênio!),
da firme trinca é o feitor:
recebe, todo o mês, metal
farto... E, com tanto oxigênio,
com o trejeito alerquinal,
sacia o furor da plutocracia
com suculentas iguarias!...
Por indignar, os por quês:
— Puta que o pariu! —
Será que ninguém viu?...
E tu, Gedeão¹, nada vês?!...
(*) Posto na aridez do papel, em junho de 2000,
sob terrível impacto emocional, em momentos
de embate infinitamente desigual travado
com forças espectrais alojadas nos porões
do poder de quem gozavam de indiscutível distinção.
¹ Juiz de Israel (séc. XII e XI a.C.).
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