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Poesias-->Poemas - complemento -- 27/05/2003 - 03:18 (Marcelino Rodriguez) |
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CHE
Pensr em ti, Guevara,
Faz-me estremecer de amor.
Teu olhar aberto,
Vivo na eternidade
Não é a de um morto deposto.
Quando morreu Guevara,
Nasceu uma estrela na América.
A INSPIRAÇÃO
Posso escrever dez poemas num dia.;
E em dez dias, nenhum.
Eu sou a harpa, o instrumento,
Que um anjo toca
Quando Deus quer.
13
NARCISO
Como pode
Alguém tão bonitinho,
Bondoso, inteligente,
Nascer num planeta
Tão mesquinho?
Faço-me constantemente
Esta pergunta....
Sem resposta, sigo
Frágil,
Distraído,
Arrogante
E humano
Entre os dragões
E as desilusões,
Armado somente
Com a espada do sonho.
14
INVERNO, 1991
Faz um ano que foi embora
Certa morena de sonho.
Também algumas ilusões
Deixaram-me para sempre.
Não penso mais revoluções.
Já conheço os noticiários:
“Uma geração se perde em cocaína”.
Não há mais convites fraternos: suportamo-nos.
Somos todos culpados de um crime
Que ninguém sabe quem cometeu
(Ou cometemos todos?)
Fingimos sorrir, mas a alma não se engana.
E as crianças não são mais inocentes.
Só resta construir uma escadaria
Entre memória e futuro, para lembrar dias lindos
E confiar nas nuvens.
15
O CORRESPONDENTE
Estou ficando doido.
Mandei três declarações
A três mulheres diferentes
– A cada uma, uma declaração –
O que acontecerá
Se todas as três quiserem
Ficar comigo?
Ó lua delirante,
Te digo também,
Se nenhuma das três
Quiser namorar comigo,
Tomo um vidro de aspirina
Misturado com mostarda
E vou morar contigo.
16
TAIGUARA
Parecias um leão de doçura
Com teu penteado comunista.
Eras o último guerreiro
De um ideal antigo.
Senhor de si
Nas notas do piano.
Este mundo não te merecia mais.
Por isso, partiste.
MULHER
Quando amo uma mulher
– Ainda que por uma noite –
Por que será que o sol
Nasce sempre novo
Na manhã seguinte?
Mulher, horizonte
E eternidade.
17
JUNHO, 1994
Numa tarde de Corpus Christi
Meus vizinhos burgueses
Estão trancados nas celas
De seus apartamentos.
Em outra cena, na rua melancólica,
Os mendigos
Na tarde que não se repetirá jamais
Batem nas latas vazias
A aquarela do Brasil..
( Medalha do Ação Cultural, 2000.)
18
USURA
Olho cair do céu
– Cena intérmina –
O crepúsculo horizontal.
O céu me cansa.
O crepúsculo me cansa.
O coração, estagnado,
Se pergunta:
– “Por que não cai do céu
Uma afeição sincera,
O único, supremo desejo?”
E tudo que tenho
Da tarde – ó usura –
É sua tristeza sem beijo.
RESGATE
Resgatar certa maneira
De caminhar na chuva,
Olhar a chuva,
Sentir a chuva.
Um certo gosto sutil
De molhar-se, dar-se,
Perder-se na chuva.
Resgatar
A comunhão antiga
Que eu tinha,
Antes de conhecer
Os olhos ávidos,
Que nunca choram
Nem se consolam
Ao ver a chuva
Cair
Como uma benção
Sobre a terra.
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