Nada nem ninguém podia impedir esta guerra…
Todo o material destruidor e os militares estavam lá.
Agora, olhando o ecrã e vendo estremecer a terra,
Toldam-se os meus olhos com lágrimas por Bagdad.
Impotente, incapaz de perceber o que quer que seja,
Procuro refúgio no meu quarto e coloco fotos na parede.
Por cada explosão, relâmpago ou clarão que ouça ou veja,
Atirarei uma seta de raiva para saciar a minha sede.
Bush, Hussein, Blair, Sharon… Atiro mesmo sem olhar…
(Os mísseis traçam raios de luz no céu dos iraquianos…
Vêem-se labaredas e fumo negro…) E continuo a atirar!
(Já é um novo dia e parece que passaram anos!)
Olho a parede onde estão as fotografias, mas falta uma:
- Falta a de Bush, o cruel presidente da América.
Está cravejada de setas e escondida por densa bruma.
A caliça da parede, picada, recriou uma atmosfera bélica.
Sacudo o pó do corpo e as imagens do olhar
Escorre sangue por entre as setas e sofre o meu coração…
Neste momento odeio, como nunca julguei ser capaz de odiar,
Odeio o assassínio de tantos inocentes a morrer em vão!
|