Vaticínios
Cristina Pires
19/03/2003
Se por entre as sete colinas de Lisboa,
A minha poesia chegar, em naus quinhentistas,
E for bordada num xaile duma fadista...
Ah ! Renasço em guitarras na Madragoa !
E, se nas muralhas do meu velho Tejo,
Um dos meus escassos sonetos abalroa,
Derivarei feliz, dentro de uma canoa.
Vela içada... vento que sopra sem pejo
Mas se o que predigo, não se concretizar,
Rumarei até ao Olimpo por uns tempos...
Discípula no Ateneu, rumo ao versejar.
E, como outrora, no mês de São Martinho,
Voltarei à Terra bafejando versos,
Dando a minh’alma a ler, em folhas de azevinho.
Cristina Pires |