te abraço para alumiar o chão e desatar um nó de mútuas estranhezas.
para que dois medos juntos ergam uma coragem.
lançar no espaço o andrajoso eclipse de duas pessoas.
AD CAUTELAM
sempre desconfiei de um deus que cria seu mundo sem antes imaginá-lo. convém, em cada gesto, ser um pouco criador, achar um frondoso improviso para o alfinete. fazer um objeto estilhaçar seu contorno. plantar na pedra um desejo de concretude e não um mero esboço de permanência. afinal, a matéria se forma depois de seduzida. por um deus? por um homem? não importa. é fácil gerar o mundo quando as coisas querem existir e já interferem no vazio.
PORMENOR
ninguém vê as lágrimas do pai. ele cultiva-as à margem do rosto, ou as enxuga antes de chegarem aos olhos.
MAR REMOTO
nos dias de chuva, o pai carrega-o até o farol para ouvir de perto os trovões. de lá grita com os olhos cobertos de chuva: imagine que sob o mar tempestuoso a pérola contorce-se de exatidão.
Cândido Rolim
DADOS DO AUTOR:
NOME: Cândido Rolim
DATA NASCIMENTO: 02 de março de 1965.
NATURALIDADE: Várzea Alegre / CE
LIVROS PUBLICADOS: - Rios de Mim (Secretaria de Cultura, Fortaleza/CE, 1982).; - Arauto (Edições Dubolso, Sabará/MG, 1988), Exemplos Alados (Letra e Música, Fortaleza/CE, 1997)
PUBLICAÇÕES EM JORNAIS E REVISTAS: Jornais: O Povo e Diário do Nordeste (Fortaleza/CE), Suplemento Literário do Estado de Minas e Diário da Tarde (Belo Horizonte/MG), Suplemento Cultura de O Estado de São Paulo, Correio Brasiliense (Brasília/DF), O Continente (Porto Alegre/RS), e outros.
Revistas: Literatura (Brasília/DF), Nação Cariri e Ceia Literária nº 01 (Fortaleza/CE), Revistas de Espanha, Chile e Estados Unidos, Afinidades Eletivas (Fortaleza/CE), Continente Sul e Blau (Porto Alegre/RS).
