Como a onda invade a praia

tu me invades por inteiro

mesmo como o sol que raia

de manhã com seu braseiro.;

tu me arrancas do sentido

e me deixas quase eterno

às acres portas do inferno

de coração oprimido...



Minh alma encantada, chora

e a vazão triste do pranto

vem de mim e se assenhora

do mais negro desencanto...

a vida escorre da veia

tão rubra quanto o pecado...

o pranto que me chateia

é pranto de condenado...



Vem a onda e tudo invade

tal a música febril

que de longe traz saudade

que me soa como ardil

pois sei que tu não existes,

ó mulher que me apavora,

apenas me entregas tristes

os momentos como agora...



CPE-MS, 21.06.85 - 15:19