Teus olhos são estações suburbanas.
Meu desejo de partir sempre adiado:
conhecer o mundo para além do fado,
para além da vida se possível.
Mas teus olhos não me deixam partir,
por isso a poesia flui para além de mim,
num encanto de anunciado fim:
grito absurdo, espectro no papel.
Teus olhos são estações suburbanas.
Tuas palavras, ruídos feéricos.
Há dias chego na véspera,
embora não parta nunca.
Talvez eu vá quando tu fores,
antes, porém, não posso.
Teus olhos são estações suburbanas
assistindo felizes a espera de meu ser.
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