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| Poesias-->QUADRAS DA VIDA -- 13/02/2003 - 09:51 (José Virgolino de Alencar) |
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QUADRAS DA VIDA
José Virgolino de Alencar, fevereiro de 2003
A velhice é decantada,
mas há nisso algum cinismo,
é que a idade avançada
só traz dor e reumatismo.
Meu fado é fazer verso,
meu verso tem muitos fados,
com meus fados eu converso
pra espantar os maus fados.
Foram-se os dias de sonhos,
não restam mais esperanças,
aqueles tempos risonhos
morreram aqui nas finanças.
Sonhador visionário,
vi frustrado o meu desejo,
continuo funcionário,
já pouca coisa eu almejo.
Por mais que olhe pro mundo,
não enxergo a tal beleza,
que até o moribundo
diz sentir na natureza.
Eu sonhei desde menino
ser poeta, trovador,
mas quis, ingrato, o destino
fazer-me simples servidor.
Rico é sempre cheio da nota,
o pai morre, o filho herda.
Pobre quando bate a bota,
o filho recebe a merda.
Venho do sertão distante,
chão que não deixaria à toa
não fora o aconchegante
carinho de João Pessoa.
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