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Poesias-->CORAÇÃO EDIPIANO -- 05/02/2003 - 16:28 (Benedito Generoso da Costa) |
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CORAÇÃO EDIPIANO
Sei que tenho
Um coração rebelde
Que sequer me pede
Para bater descompassado.;
Eu me empenho
Para discipliná-lo,
Tal como um cavalo
Que precisa ser domado.
O animal,
Ainda que selvagem,
Obedece ao pagem,
Se este lhe ensinar.;
Já esse tal,
Que se agita no peito,
Não toma jeito,
Quando resolve amar.
Vejam só
O que aconteceu
Com o coração meu
Sem que eu lhe permitisse.;
Pois sem dó
Daquele que é seu dono,
Nem durante o sono
Parou com sua esquisitice.
Vi-me, então,
Uma vez mais escravo
Da rosa, sendo o cravo
E odiando nela o espinho.;
Tudo em vão
Minhas preces aos céus
E, assim, envolto em véus,
Fiquei cativo e sozinho.
Se eu morrer,
Não findará o amor,
Mas na ausência da flor
Fere-me o espinho e dói.;
Meu poder,
Que era a força dela,
Também morreu com ela,
E a tristeza me corrói.
Há um vazio
Dentro e fora de mim,
E a saudade é sem fim
Desde que ela se foi.;
Só o frio
Aquece o meu deserto
E em sonho ela está perto,
Dizendo: Deus lhe abençoe.
Meu rival
É poderoso e forte
E nem sequer a morte,
Seja dele ou de mim,
É o final
Desse amor eterno,
Aconchego no inverno
Desta solidão ruim.
Eu e ele
Os dois estamos sós,
E em silêncio nós
Compartilhamos a dor.;
Também dele
Esse amor é um pedaço,
E eu chorando abraço
Meu rival progenitor.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
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