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Poesias-->O útimo tiro de fuzil -- 10/01/2003 - 09:23 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O último tiro de fuzil



Quando o último tiro foi disparado

Eu voltei

A guerra acabara

Juntei meus restos

Tomei a estrada

Desviei os cadáveres

E voltei



O tempo correu pouco

A vida perdera o gosto

A nossa vitória foi amarga

Ganhei o quê? De quem? Pra quê?

Mas a ordem era ganhar

E ganhamos... matamos tantos!



Meu primeiro assassinato foi duro

Chorei, orei e pedi perdão

Os seguintes nada senti

Acumulei os choros, as orações e os perdões

Tudo pro final, se vivo ficasse

Mas ao acabar, só chorei...

Não tive forças para mais



Numa carona, aproveitei o retrovisor

E flagrei meu rosto velho

Não adiantou virar depressa

As rugas continuaram lá

A barba desordenada

Cobrindo algumas cicatrizes

Mas barba dá-se um jeito

Quanto às rugas...



A farda farrapada coberta de medalhas

Barro nas botas

Calo nos pés

Mãos mal tratadas

Bicho-do-mato



Aplausos! Vivas! Discursos!

Comendas de cidade pequena

Nada me arrancou um sorriso

Um gesto dócil

Nenhuma honraria me modificou

Bicho-do-mato



A esposa envelhecera

Os meninos cresceram

Tantos anos...

Mais lágrimas, abraços... calor humano

Água fresca, sem sangue

Roupa cuidada

Banho quente, silêncio e música

Cama macia, um beijo e uma prece

Um sorriso com café da manhã

Já não tinha jeito pra fazer amor

Mas tentei



Dormir fora da trincheira é tão estranho

Mal cochilo

Ao mais leve mexido, pego o fuzil

Mas já não há mais fuzil, nem inimigos

São meus pesadelos que me perseguem

Desde o último tiro de fuzil



( Codo. Recife, Pernambuco, dezembro de 2002)

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