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Poesias-->A margem -- 28/12/2002 - 16:07 (joão manuel vilela rasteiro) |
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1.
Eu e a margem
ou eu e a margem ali extremamente plácida
em si voltada separando as vértebras
num adubar vivo
de roseiras purificadas
que atalham as pegadas rugosas
da casca dos soluços
numa solidão cantante
como quem ressuscita no fogo
o ritmo dos tímpanos.
2.
O vento bate nos ramos da margem
enquanto a pedra queimada no centro
anuncia as bagas
que rolam na ressaca cozida
em pêndulos duradouros e frágeis
a nudez e a cegueira
o mosto aberto do búzio encantado.
3.
Até ao centro onde pulsa a margem
enredo a respiração sob os dedos ponteados
no búzio onde as constelações se incendeiam
ao sopro das pétalas repizadas
na cor moribunda dos frutos.
4.
Remoinhos de mel antecipam a penumbra da margem.
in,RESPIRAÇÃO das VÉRTEBRAS,2001 |
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