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Poesias-->LEMBRANÇAS DE UM NATAL -- 26/12/2002 - 14:09 (Antenor Ferreira Junior) |
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Olhava tímido pela porta de frente
Havia sim, uma velha lareira.
Que quase sempre estava quente.
Sobre a mesa, somente a ausência.
De mais um Natal sem presente.
Meu velho pai nunca estava.
Era quase ausência esquecida.
A vida o transformara em trabalho.
Pois era dele que vinha a comida.
A escola, e o calor do agasalho.
Herdara o suor na testa.
E uma leva de calos nas mãos.
Mas tinha olhar de festa.
Lembrança que hoje traço.
Quando me via no portão.
A lhe esperar num abraço.
Pobre ceia de pão.
Roupa rota com remendos de tristeza.
Olhos tristes e pés descalços no chão.
Orávamos ao redor daquela mesa.
Porque que ele que lá nunca estava?
A partilhar de toda aquela pobreza.
Mas a velha porta se rompe ao meio.
E como se surgisse num assombro.
Era ele sim, de mão vazia.
Paletó listrado, pendurado aos ombros.
E nossa casa se encheu de alegria.
- Vim bem depressa.
Vim correndo.
Vim ligeiro.
Não trouxe nada.
Nem sequer tinha dinheiro.
Mas quero estar aqui nesta noite.
Nesse Natal de alegria e paz serena.
Mesmo sem nada pra comer.
Vim pra dizer que vale a pena.
E naquele Natal frio.
Enfim, eu estava contente.
Deixei de sentir o vazio.
Pois naquele dia feliz.
Ganhei o meu pai de presente.
Antenor Ferreira Junior
20/12/2002 10:00 hs
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