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Poesias-->A marcha de Solano -- 08/12/2002 - 11:36 (Ricardo Jorge Araújo Sousa Peres) |
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Mamãe me acordou um dia como de costume,
Só que com um olhar de brilho inigualável,
Eternos olhos de taurina.
"Filho meu, Vais com a pátria lutar
/contra o inimigo!
Vais defender o teu torrão natal!
A parte que te cabe neste lugar...vais com Deus
/lutar!"
Trouxe-me a bela farda caqui,
Galões herdados de meu Tio Libório,
Era o ano de 1942.
O sol tão belo veio acompanhar minha partida.
Agradecí a Deus...mas que sentido tudo isso,
/faria depois?
Seria tão somente um dia de sol,
Tão simplesmente um dia de sol...e toda a familia
Já cogitavam minha volta,
Outros cogitavam quem sabe, minha morte.
E se morresse, morreria feliz,
Foi pela pátria, foi por manter a paz!
A terra prometida e desejada,
A ordem devia ser mantida,
Não importava qual dos filhos seriam mortos,
/pelo suporto "inimigo".
Mas eu estaria lá a lutar de fuzil em punho,
Solano, o bravo recruta...suor na testa,
Crucifixo no peito...até ao fim?!...grande sonho!
Neste dia Fernão estava lá também,
Farda caqui e um ar de revolta.
Olhos azuis marejados...quatorze anos,
Corpo de criança...fuzil em punho,
Amargurado e cuspo no chão.
Uma lágrima a rolar pela face rósea adolescente.
Havia um campo invisível a deixar uma distância,
Um circulo invisível...intransponível.
De sosláio uma olhadela para Ana Célina,
Minha bela, nada mais que uma menina.
Morena flamenca,
Olhos de uma tonalidade mel inigualável.
Uma bela menina moça...uma flor desabrocahndo.
Todos os meus amigos de infância me cercando,
Olegário, O Louco, chegou como do nada,
Junto ao Tenente Cesário, o homem do recrutamento.
Nove horas da manhã,
Vinte jovens.
Cento e vinte ficaram a chorar,
Ana Celina estava lá...minha mãe, minha tia.
Toda a família.
Apenas eu,
Não soube chorar.
10.09.1998
Ricardo Peres |
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