CASA
A minha casa já não é mais a mesma
As janelas já não falam mais
As portas (matérias mortas) que viviam
Agora se apresentam mais mortas que nunca
O sol que a alegrava, já não alegra tanto.
O ar que a ventilava, já não ventila mais.
O som que se expandia se esvaiu fugaz
Agora as pessoas que aqui moram
Estão caladas, inertes...
Não se comunicam mais,
Suplicam Paz
E motivos vis os afastam cada vez mais.
Os problemas, as dívidas crescem.
O dinheiro permanece, miserável.
A usurpar nossas personalidades.
Vieste revirar nosso lar, Monstro?
Antes tão bendito familiar.
Agora tão sucinto a um nada peculiar
A minha casa já não é mais a mesma
O dinheiro a matou
E levou com ela, a “família”.
E o que nos restou?
O nada, pois.;
Nada se fez,
Nada mudou,
Nada nasceu,
Nada germinou,
Nada cresceu,
Nada evoluiu,
Só estagnou, nada melhorou...
Nada viveu
Mas o que aconteceu?
Foi-se o amor.; ficou o desamor.;
Foi-se a união.; ficou a desarmonia.;
Foi-se a alegria.; ficou o rancor.;
Foi-se a esperança.; ficou a melancolia.;
Foi-se a harmonia.; ficou o dissabor.;
Foi-se a Paz...
E o que nos restou?
Nada. Só os fósseis da casa.
(Gustavo Aragão Cardoso)
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