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| Poesias-->Pedido -- 22/11/2002 - 13:03 (Claudio Bertode) |
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Se algum dia, acaso alguém
Disser dos meus poemas frios
Disser da esperança que falta em cada verso
Nâo diga toda a verdade...
Minta que a esperança está implícita
Diga das entrelinhas
Minta que nas entrelinhas crianças brincam
E se por acaso esse alguém
Disser da mania besta
De querer ser velho antes do tempo
Minta que é em respeito
Diga dos Velhinhos nos asilos
Maltratados em filas de espera
Humilhados pelo INSS
Enterrados em cemitérios feios
Minta que meu delírio
é um velhinho que ninguém espera:
os filhos todos casados,
os amigos pelo mundo
Diga que meus versos são...simplesmente são...
talvez um manifesto em favor da dignidade
em favor da verde-azul dignidade esquecida
Se nesse dia, esse qualquer quem for
Perguntar como é seu conhecer de C.J.S.
Diga que é como um menino
Um menino assustado...
fora de seu tempo
Nasceu cem anos atrasado
fora de moda
Diga do cabelo engraçado
Da miopia hereditária
do coração anarquista: única herança do avô
Diga de sua luta contra a morte
um pouco por dia
Os passos deixando rastros
Diga de ser quase pedra
quase nuvem
quase pássaro
Apenas não diga toda a verdade:
que é só mais um homem
de carne e osso:
que ama, que sofre, que sonha...
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