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Poesias-->A ESPERA DO RENASCIMENTO -- 10/11/2002 - 07:15 (SILVANO ALVES DA SILVA) |
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A ESPERA DO RENASCIMENTO
I
Livros, cadernos, canetas,
Fatos, fotos, folhas.
Folhas de papel
Sonhos de papel
Idéias de papel
Papel em branco dobrado em quatro
Para esconder seu luto
(luto branco)
Seu silêncio de morte
A espera do renascimento.
II
Minha casa a oeste
Minh’alma a leste
Confusão dos pontos cardeais
Confusão dos pontos principais
A rosa –dos- ventos não indica o caminho:
Aristóteles, Cristo, Conte, Newton,
Marx, Piaget, Peirce, Eco
Todos dizem:
“Há lógica, lei de causa e efeito”
eu logicamente não quero pensar...
Um amigo de Santa Fé me diz:
“...a palavra mais justa e serena,
no fim é a mais cínica e menos humana.”
A felicidade precisa do caos
A felicidade é barroca.
III
Ratos comem gatos
Ratos comem gatos
Ratos comem gatos
“Gatos do mundo todo, uni-vos”
Gatos comem ratos
Gatos comem ratos
Gatos comem ratos
"Ratos do mundo todo, univos"
Ratos comem gatos comem ratos
Comem gatos comem ratos comem
Miojo chocolate sorvete Nike
Rambo pagode Big Brother
Seleção Show do Milhão Mc Donald’s
UOLFHCXUXAGUGAGUGUKAKA
UGAUGABLABLABLAU
LULALÁLALALALAU
E CARNAVAL...
“Farinha com carne seca, come?”
Ah não, isso não!
Só o que passa na televisão.
Então VIVA A VIDA!!!
VIVA O CAOS!!!
VIVA PAVLOV!!!
“VIIIIIIIIVAAAAAAA!!!!”
IV
Do que falávamos?
Ah sim! Lógica:
Raciocínio pensamento
Análise síntese critica
Coerência indignação
Pois é... Não precisamos disso pra viver
Pra usar camisinha seringa descartável
Roupa d’ora vaso sanitário
Pra comer hambúrguer
Beber Bhrama, fumar Free
Votar pra presidente
Assistir Jornal Nacional
Novela das oito Domingo Legal
Faustão Fantástico comercial
Pra comprar a prazo nas Casas Bhaia
Pra ler Play Boy Veja JP
Estadão Folha Gazeta
Pra ler o mundo Pichado no muro
Não precisamos de lógica
na construção do discurso
meias palavras, meias idéias
e uma cerveja bastam.
CARPEM DIEM
HAKUNA MATATA
V
Livros cadernos canetas
Fatos fotos folhas
(gatos comem ratos)
Folhas de papel
Sonhos de papel
Idéias de papel
Palavras no papel
dobrado em quatro
para esconder sua tinta preta
Para esconder seu desabafo guaxo
A espera do renascimento.
VI
Já é quase meio dia
Ficarei no meu quarto escuro até as três
Esperando que alguém me perdoe
Por não saber o que fazer
Esperando que alguém morra por mim
Para perdoar o meu maior pecado
Para que eu ressuscite no terceiro dia.
Se nada disso acontecer
Eu mesmo sairei do meu quarto
Levando comigo uma pá
Subirei no monte mais alto que encontrar
Cavarei uma cova de sete palmos
E me enterrarei nela.
Mesmo cansado do esforço
Tornarei a descer o monte
E caminharei pela avenida principal da cidade
Vestido de luto, vestido de branco
Luto branco
Ficarei olhando o trânsito caótico
De carro de gente de pensamentos pensados
E pensarei: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade”
Os carros continuarão rodando
As máquinas continuarão rodando
As pessoas continuarão rodando
Os bits continuarão rodando
A roda não para...
Não pode parar...
Mas eu continuarei enterrado no monte...
Mas eu continuarei pensando na rua...
Durante três dias.
Depois voltarei ao monte
Ficarei ao pé de minha sepultura
E direi:
“Renasça , corpo mortal
renasça como uma árvore
uma árvore que de frutos e sombra
pra tua geração caótica.
Renasça, corpo mortal
Renasça como uma oliveira
Dê luz ao leste e ao Oeste
Que de tua madeira construam-se portas
De teus frutos retirem o azeite
Pra ungirem os seus reis
Renasça, penetre profundamente
Tuas raízes neste jardim de lírios
Nada receei
Serenamente de o primeiro passo
No caminho da eternidade
E saia da morte para entrar na história
Pois, eis que olhei e vi:
A roda não pára
Não pode parar...
Tudo isso farei amanhã
Hoje ainda é meio dia
Meu quarto continua escuro
Ninguém me perdoou
Ninguém morreu por mim
Ainda estou aqui
A espera do renascimento
Mas amanhã...
Amanhã é o oitavo dia.
(Silvano Alves da Silva)
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