Silêncio, uma voz profunda vibrando,
No vento alcançando a tua sombra.
Pela noite vamos caminhando,
De mão dada num soturno olhar.
De arte , num choro, se perde
Uma palavra da tua boca.
E para te fazer feliz, sempre,
Trucido-me na pedra do teu voto.
Quero esse tom, esse espaço,
Para cair, derrotado, em nada.
Consegues ver-me, mas ninguém vê,
Um sacudir de tudo, inevitável.
Não me encontraste, não fugi,
De ti perdi, aclarada uma razão, súbita.
Ruí sobre a terra que se espalha, nos teus pés,
Sufocada de sol magoado, afiançado por lençóis de nuvens.
Nasci dos sinais que morreram da sobrevivência,
Num lugar largado do mundo na penumbra.
Estás a fazer-me de um sonho,
Repetido de uma cor
Do nada, eu procuro o teu tudo
De uma desafronta um apetecer da tua feição.
Alvejado, de um arremesso suportei a bala sisuda
De um olhar, a luz áspera e penetrante.
Mas onde estás?
O que pisas? O que dimanou de ti?
Serei eu olhando o vazio?
Será a silhueta da minha vontade?
Onde te ocultas intensa verdade?
Ricardo Campos
10 / 2002
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