Como encontrar-me, se nem mesmo sei exatamente o que procuro?
Não sei nem exatamente quem eu sou...
Passam-se horas, dias, meses e anos.;
Passar-se-ão séculos e seguirei a procura de mim mesma.
Perdida no tempo, olhando o espaço vazio...
Pensando, pensando em você...
Você, que entrou em minha vida sem dar alertas,
Invadindo-a, funtando-a - na verdade, roubando-a.;
Bruscamente, duramente, sem escrúpulos, sem pena, sem piedade.
Entrou em minha vida e tornou-se parte dela,
Você e eu - nós - essa passou a ser minha identidade,
A única que agora conhecia.
Seu crime foi ter sido tão perfeito,
Ter-me feito crer em algo irreal,
E agora?, que devo fazer se a única realidade que agora conheço não passa de ilusão?
Deu-me tanto!, deu-me algo que não existia e não sei mais viver sem isso!
Entretanto, agora, justamente agora, a realidade cai sobre minha cabeça como uma núvem negra,
Não consigo enxergar nada e sinto-me completamente perdita,
Sem saber que direção tomar, sem saber pra onde devo caminhar.
Agora a realidade entra dura e friamente em meu coração,
Como um punhal que fere, mas não mata.
Não mata, pois a dor continua e segue sempre e sempre... Atormenta-me sem parar.; grito, suplico por alívio, imploro pela morte, pois a vida que tenho não passa, agora, de sobrevida,
Mas ela não vem, ela nunca vem e dor continua, e segue doendo e doendo, sem que médico algum a consiga sanar!
Você entrou em mim e fez-se parte de mim mesma,
Suas mentiras para mim tornaram-se reais,
Elas existiam, guardadas em meu coração, em minha memória,
E agora? Agora nada me resta - nem eu mesma!
Afinal, o "eu" que conhecia eramos "nós",
E se uma parte de mim deixa de existir,
Deixo de ser todo e passo a ser apenas uma parte,
Uma parte de algo indefinido, jogado no mundo,
perdido, solitário, vazio... Nada! Não sou nada -talvez seja isso o que agora sou!...