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Poesias-->UTI Brasil -- 24/10/2002 - 12:37 (Renato Souza Ferraz) |
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UTI Brasil
Os povos arrumam a casa
Para a grande festa do futuro.
Excitados se preparam
Para a virada do milênio.
O Brasil, além desta,
Poderia ter dupla comemoração.;
Com seus quinhentos anos de história.
A verdade é que o povo,
Com o fardo que carrega
Pouco tem a festejar.
Cada dia que passa
Esvai-se a esperança...
Outrora nos enganaram
Com uma tal revolução
Que nos salvaria das mazelas:
Foi um golpe de estado
Com vinte anos de terror!
O último deles, "o cavaleiro ",
Preferia o cheiro dos animais
Ao contato com o povo.
Pregou o suicídio coletivo
Para o trabalhador,
Que não tinha o que comemorar
Com salário de miséria.
Foi embora, há muito poderia ter ido,
Pedindo para que o esquecessem.
Com a liberdade política de volta
"brasileiros e brasileiras"
Tornaram-se esperançosos.
Veio aquele de voz mansa
Guardião da ditadura.
Herdou a nação viúva
Em plena lua-de-mel.
Populista, inflacionou o país.;
Com planos mirabolantes
Deixou-nos numa encruzilhada.
Apareceu o "salvador da pátria"
Dizendo-se caçador de marajá.
O povo incauto, sedento de justiça social.;
Nele depositou suas esperanças.
Quem o conhecia,
Sabia que seu falso moralismo
O derrotaria.
Foi enxotado e dissolveu-se como espuma
Com a mesma rapidez que subira.
Os tempos eram outros.;
Transição cumprida,
Inflação dominada.
A nação sonha com dias melhores!
À vista a sociologia...
Um intelectual no poder,
Bagagem política armazenada.;
Tradição de luta contra a opressão
De um partido recém criado, purificado.;
Promete aplicar no país a social-democracia
Puro engodo, uma empulhação!
O que tem esta de social
Se a serviço dos poderosos
Desemprega e esmaga o povo?
Cria a UTI dos grandes bancos
Retalhando a nação.
Nunca se viu tanto demônio
Travestido de anjo...
Os grampos telefônicos,
Embora ilegais,
Que o digam!
A nação é cada vez dilapidada.
O patrimônio público,
Construído com muita luta e sangue,
Desfaz-se em nome de discursos torpes.;
Condutas vis de um governo sem pudor.
Cada instante que passa
Um descuido deles
Desmascarados.;
O escândalo vem à tona.
Imaginemos sobre o que não sabemos...
O que poderia ser uma espécie
De seguro contra a miséria,
A chamada justiça social
Nos é legada como esmola.
Uma frente de emergência ali,
Uma escola acolá.;
Outro posto de saúde além
Para ter fresca na memória
A lembrança do sobrenome
Da ilustre família política dominante.
A elite é ignóbil
Imagina-se viver noutro mundo.
Nada ocorre isoladamente.
O que nos tiram hoje,
Amanhã também poderá lhes faltar
Para seus herdeiros.
A violência, cedo ou tarde,
Poderá alcançar a todos...
Enquanto se autoprotegem com agilidade
A distribuição de renda
Não passa de um sonho.
A massa que aguarde a sua vez
Em filas quilométricas,
Por empregos que não existem.
Os salários são usurpados
Em nome da globalização
Com impostos não progressivos.
Enquanto vivemos na UTI
Eles, dos palácios, praticam a eutanásia.
Ó compatriotas,
As urnas são as armas
Que poderão rendê-los!
Que elas traduzam nossos anseios,
E no novo século que está vindo
Redescubramos o Brasil!
Autor: Renato Ferraz
28/05/99
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