Escravo da distância
Hoje me declaro escravo da distância,
Achava-me senhor de mim mesmo
Tinha certeza de que o amor estava perto.
Revelo agora uma profunda ânsia,
O coração ferido e cansado vaga a esmo,
Não aceita que seu destino é certo.
Distante daqui vive uma bela senhora,
Tem seus filhos e tem seu marido,
Porém se inflama seu lindo coração.
A conheci, bendita e maldita hora,
Pensávamos numa brincadeira sem sentido.
Foi crescendo em nós notável atração.
Agora cada minuto que vivo só,
Espero um novo encontro virtual,
O tempo passo, nela sempre pensando.
Bela senhora, por favor tenha dó,
De quem te ama de maneira atual,
Batendo as teclas e divagando.
Agradeço inovadora tecnologia,
Que me trouxe essa bela pessoa,
Tão linda, criativa e inteligente.
Muda-me da tristeza à euforia,
Dá-me rumo quando estou à toa,
Alegra-me se fico descontente.
Mas dessa paixão proibida,
Nada surge mais que a dor,
De estar tão longe e não tocar.
Sinto a alma duramente agredida,
Por tão doce e tão cruel amor,
Do qual não posso e não tento libertar.
Fica ela por lá e eu por aqui,
Teclando e conversando e amando,
Sem mais futuro que um beijo em sonho.
Sonhando que um dia eu parti,
Deixei tudo o que tenho e fui andando,
Abandonei esse tédio enfadonho.
De olhos fechados e mente aberta,
Cordilheiras e vales deixo para trás,
Buscando o lugar em que se esconde.
Neste sonho o coração ainda aperta,
Sigo o destino, traiçoeiro ou audaz,
Busco a mata perguntando “aonde?”
Quando chego ela está à minha espera,
Apenas um longo beijo é o que desejo,
Que ela me concede num momento premente.
Nenhuma emoção em mim se protela,
Tanto vivi, e senti neste ensejo,
Que posso morrer agora, estou contente.
© 2002 Rafael Coelho |