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Poesias-->Arquitetura -- 09/09/2002 - 15:02 (Lafaiete Rosinsky) |
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Como uma múmia
ou uma melancólica fachada de papelão
nos faroestes antigos
o casarão na esquina apodrece estacionamento
e agoniza elegantes quatro andares
sem tetos ou pisos
afetos ou risos
com janelas muradas
com vigas tortas
paredes sem portas
para a entrada dos carros
que ocupam o prédio morto
como vermes num cadáver
Como um zumbi
ou um descolorido cenário de papelão
em filmes mudos
eu, postado na esquina
sob um poste ineficaz
a vejo passar sua alegre rotina
e enquanto ela me fere
atirando ao ar um sorriso
procuro por alguma polpa
dentro da fachada mamulengo
que em mim retribui seu aceno
Se houvesse algo, ao menos
Nem o que era
Nem o que fui.
Apenas uma ruína precária
estrutura morta
sarcófago vazio. |
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