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 | Poesias-->ÚLTIMO  RESPIRO -- 05/09/2002 - 08:09 (paulo izael) |  |  |  |  |  |
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 0  ÚLTIMO  RESPIRO !
 
 
 
 
 
 Asfixiado por persuasões coercitivas que zuniam,
 
 Eu, calado, enxugava prantos em noites frias.
 
 Vivia a remoer sentimentos de um passado distante.
 
 Não suportava sua repentina ausência.
 
 Naquele tempo meu mundo era escuridão absoluta.
 
 Cético quanto a vida, atirava-me  ao lamaçal do vício.
 
 A todo instante meu sonho em tê-la, era desfeito.
 
 Sempre estava exposto ao desamor e não admitia.
 
 Anos perdidos em tantas palavras escritas e ignoradas.
 
 Tolas lembranças retratadas em míseras frases feitas,
 
 Desprovidas da verdadeira sensatez que rege o amor.
 
 Sua repugnância era explicita em todos os sentidos.
 
 Faltava-me o brilho do olhar, do teu olhar.
 
 Andei por ai , desandei, sempre a te procurar.
 
 Qual insana busca sempre culminava em absoluto tédio.
 
 Sofria agonizante num último respiro  horripilante.
 
 Quando sentia que poderia abrandar a dor e esquecê-la,
 
 Sofria e respirava uma solitária  lágrima solta no ar.
 
 Em todas as manhãs, eu contava com teu vulto,
 
 Para clarear os meus inseguros e obscuros dias.
 
 Felizmente fiz-me forte frente ao descaminho,
 
 Descobri-me alforriado pela felicidade de existir.
 
 Aquela paixão doentia, perdeu-se na poeira do tempo.
 
 Desencantei-me ao saber-me tão decadente e
 
 Dependente de utópicos pesadelos que evocavam o passado.
 
 Foi-se a ternura do amor imaginário e  masoquista.
 
 O brilho do seu poder foi ofuscado pela indiferença.
 
 Finalmente a razão imperou frente ao descaso.
 
 Destemido a readquirir  a razão de minha existência,
 
 Esqueci-me da autofagia indecorosa e respirei a vida.
 
 Acordei feliz e beijei o manto azul do dia e fui retribuído.
 
 Aspirei a aura da felicidade e vi-me  iluminado pela claridade.
 
 Ouvi-me a sorrir abismado, lá fora a vida acontecia.
 
 Cansei de vaguear por mundos sombrios e enojantes,
 
 Suplantei a taciturnidade adquirida ao longo da vida.
 
 Esqueci-me de sua face, da indelicadeza de seus gestos.;
 
 Pude perceber sua  falsa  abstinência calcada no puritanismo.
 
 Doe-me pensar que um dia entreguei-me às suas manobras.
 
 Mirabolantes atitudes onde o sarcasmo era ofensa oficial.
 
 Curei-me e desprendi-me de suas garras possessivas.
 
 Hoje, a felicidade vem beijar-me a cada manhã que desabrocha.
 
 Pressinto o sopro da liberdade fixar-se em meu olhar expressivo.
 
 Adeus, Solidão.;  até outro dia, até outro livro que sirva de alivio
 
 Para aplacar uma possível dor que venha a ser adquirida.
 
 Se, algum dia, tentada pela saudade, voltar a flechar meu coração.;
 
 Verás que em mim, repousa o encanto  da verdadeira paz.
 
 Em meu antigo coração entristecido, renasceu o contentamento.
 
 E assim a vida continua: amarga, todavia.;  saboreável...!
 
 
 
 
 
 São Paulo, madrugada gelada de um mês qualquer.
 
 
 
 Paulo Izael
 
 
 
 
 
 
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