O pedinte entra no boteco.
Em pé, pede café, todos olham,
Ele curva-se e mostra
O pus de suas feridas,
Para esconder seu rosto.
A vergonha, a fome, a miséria...
As feridas, vítimas da bactéria,
Sofrem a gula deste protozoa,
Que se multiplica e coroa,
Com gangrena o tecido arroxeado.
Alguém vomita nos meus pés.
O fedor do pedinte, o fedor do vômito,
Tudo é acre, tudo é podre.
Insisto em ficar, sou a vítima,
Sou o pedinte. |